2019 é um bom ano para comprar um imóvel?
Passados vários anos de correção no preço dos imóveis, muita gente que juntou dinheiro nesse período se pergunta se já é hora de realizar o sonho de comprar um imóvel.
Sobre o tema, o Finance News conversou com o economista e professor da PUC do Rio Grande do Sul, Alfredo Meneghetti Neto.
Finance News – professor, 2019 será um bom ano para a aquisição de um imóvel? Por quê?
Alfredo Meneghetti Neto – O ano de 2019 mostra que pode haver um reaquecimento do setor imobiliário. Todos os economistas já falam que 2019 tem uma conjuntura favorável: novo governo federal, estaduais, e a inflação na meta. Isso sugere que pode haver um aumento da procura por imóveis. Quando existe isso, provavelmente a gente pode observar também, pelo aumento da demanda, o aumento do preço.
Finance News – o relatório Focus, elaborado pelo Banco Central, aponta que os juros básicos (Selic) irão subir um pouco. Isso pode impactar os juros cobrados pelos bancos?
Alfredo Meneghetti Neto – Sempre que há um aumento na taxa Selic, efetivamente, há um aumento nas taxas de juros de financiamentos de bancos. Os bancos ficam atrelados às taxas de juros, a chamada Selic, que é o grande parâmetro da economia. Então, não tenho dúvida que, no momento que as taxas de juros sobem, também irão subir as taxas de financiamentos cobrados pelos bancos.
Finance News – existe cenário em que os juros podem cair mais?
Alfredo Meneghetti Neto – O que falam, pelas pesquisas feitas, pelos economistas consultados pelo Boletim Focus, é que as taxas de juros vão aumentar, estão falando alguma coisa entre 1%, ou seja, vão passar de 6,5% para 7,5%. Isso, praticamente há um consenso, justamente por toda essa conjunção de fatores: aumento da procura, maior confiança por parte dos empresários, novo governo, tanto federal quanto estadual. Isso mexe com o mercado. O mercado já precificou melhora no Ibovespa (principal índice de ações da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo), melhora em várias ações de empresas. Justamente para se proteger o governo, através da política monetária, aumenta as taxas de juros.
Finance News – o preço dos imóveis poderá voltar a se valorizar com força como ocorreu no começo desta década?
Alfredo Meneghetti Neto – As informações que a gente tem até o presente momento é que isso pode acontecer.
Se observa que o cenário é muito favorável. Os índices calculados pelas associações que trabalham com o mercado imobiliário já mostram que no mês de novembro de 2018 tivemos, em relação a maio, um Índice de Velocidade de Vendas, o chamado IVV, dos imóveis novos, 40% de crescimento. Isso já sinaliza que 2019 vamos ter um aumento da procura e provavelmente de preços.
Finance News – para quem vai comprar um imóvel financiado, quais cuidados tomar?
Alfredo Meneghetti Neto – Um imóvel financiado está atrelado a uma instituição financeira. Esta instituição financeira apresenta um contrato onde pode se verificar e avaliar as taxas de juros cobradas. O primeiro cuidado, talvez o mais importante que a pessoa tem que ter, é justamente nas taxas de juros cobradas através do contrato, o financiamento. Primeiro cuidado são com as taxas. O segundo, são os bancos que estão fazendo essa relação com o cidadão. E terceiro lugar a empresa que está envolvida na venda, na comercialização do imóvel.
Finance News – quais os riscos para quem quer comprar na planta?
Alfredo Meneghetti Neto – O maior risco para quem compra na planta é o cidadão ficar atrelado à empresa que virá a construir e comercializar o imóvel. É como se fosse um cheque em branco que o cidadão passa para essa empresa. Ele vai ficar envolvido com essa empresa até a devolução final dessa empresa para as mãos dele. Nesse sentido, todo o planejamento, toda a tomada de decisão todas as novas aquisições que essa empresa fizer, todas as novas construções que essa empresa fizer, o cidadão é como um sócio. É nesse sentido que é o maior risco de se comprar na planta. Eu não sugiro que se faça isso. Pelo contrário. Compra um imóvel novo já autenticado, avaliado, com o habite-se, para que não tenha esse risco de estar relacionado com a empresa que irá comercializar e construir.