Perspectivas para a renda fixa em 2019

4 de janeiro de 2019 Por Redação

 

 

Muita gente se pergunta quais são as perspectivas para os produtos da renda fixa em 2019. Entre eles o CDB, a LCI (Letra de Credito Imobiliário), a LCA (Letra de Crédito Agrícola) e os Títulos do Tesouro.

Para nos ajudar nas respostas entrevistamos Daniel Nigri, analista de investimentos certificado pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais). Nigri é sócio fundador e CEO da empresa Dica de Hoje Consultoria e Research (https://dicadehoje7.com/).

Ressaltamos que a entrevista abaixo não é recomendação de investimento. Também não se trata de conteúdo patrocinado nem propaganda. Mantivemos os links para que você possa conferir o trabalho de Nigri, caso tenha interesse, e também como uma forma de retribuir a gentileza de ter prontamente atendido ao nosso pedido de entrevista.

Finance News – o relatório Focus, elaborado pelo Banco Central, projeta a Selic levemente acima de 7% ao ano em 2019. O IPCA (inflação oficial) em torno de 4%. Levando isso em consideração, como você avalia produtos da renda fixa atrelados ao CDI, como CDB, LCI e LCA? Serão um bom negócio em 2019?

Daniel Nigri – É importante sempre saber analisar o Boletim Focus. Ele não é estático e sim dinâmico. Há algumas semanas a projeção da Selic para o fim de 2019 estava em 8% ao ano e agora se reduziu. Isso mostra que a maior parte dos analistas acredita que a taxa de juros será menor. Mas por que essa taxa de juros será menor? Porque a inflação será mais baixa (principalmente por um dólar menor), ou porque haverá menos crescimento na economia. Na minha visão, existem dois cenários importantes para 2019. O primeiro deles é o mais esperado pelos analistas que inclui algumas reformas fiscais e nesse cenário a Selic encerra o ano inclusive abaixo desses 7,5% ao ano. Minha estimativa de cenário base, seria, dólar a R$ 3,60, IPCA em 4,00% e Juros na casa de 7,00%. Mas, nunca quando investimos podemos tomar uma posição de “all-in”, ou seja ir 100% em um cenário por mais vistoso e mais “concreto” que ele possa parecer. Problemas ocorrem em todos os momentos, e existem tensões hoje no mundo todo (hipotecas chinesas, alta dos juros americanos, excesso de liquidez, saída do Reino Unido da União Europeia, alto endividamento da Itália, guinada ao socialismo no México, dentre muitas outras). Em um mundo cada vez mais conectado e mais focado em comércio exterior, o Brasil certamente será afetado, apesar de ter um colchão de liquidez (reservas cambiais) bem maior que no passado recente. Neste cenário e sem reformas fiscal e da previdência, poderíamos ter um dólar a R$ 4,50, IPCA em 6,00% e juros beirando os 10% ao ano, para evitar a fuga de capital estrangeiro.

Em qualquer um dos cenários você pode ganhar com produtos de Renda Fixa, sejam eles CDB, LCI ou LCA ou qualquer outro, basta saber escolher o melhor produto para cada tipo de situação.

Finance News – com relação ao CDB e LCI, em sua opinião, o investidor deve optar pelo pré-fixado ou pelo pós-fixado em 2019?

Daniel Nigri – Pensando nos dois cenários expostos na resposta acima, temos duas posições que se contrapõem na hora de realizar nossos investimentos. No meu cenário base, o ideal seria investir em CDBs ou LCIs pré-fixados, mas sem pegar uma curva muito longa (nada de CDBs de 5 ou 7 anos). O Brasil ainda tem um problema crônico de gastos públicos e que pode explodir em 2022 e 2023, trazendo uma ruptura do sistema financeiro. Então o ideal, na minha visão é pegar a parte média da curva de juros, em ativos de 1 a 3 anos pré-fixados. Mas pensando, no cenário pior, eu recomendaria investir 20% em ativos pós-fixados, como uma forma de reserva de oportunidade para caso o sistema se deteriore e a curva fique mais inclinada. Neste momento, para ganhar com valorizações maiores em 2019, eu apenas abriria mão da curva mais longa, que já se valorizou muito desde as eleições.

Finance News – quem quer aplicar em CDB deve ficar atento também à rentabilidade oferecida pelos bancos médios, que geralmente é maior. É uma boa estratégia investir em CDB de banco médio?

Daniel Nigri – Eu só considero boa a estratégia de investir em banco médio, se você souber analisar o balanço do banco. Analisar sua carteira de crédito, o crescimento dessa carteira, indicadores de inadimplência, as provisões. E principalmente se ele está focado em um determinado segmento que pode ser afetado por alguma medida do governo. Apenas pensando em uma rentabilidade maior e se acomodando na garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) não vale a pena.

Finance News – dentre os títulos do Tesouro Direto, quais você avalia que poderão ser uma alternativa em um cenário de inflação baixa? Por quê?

Daniel Nigri – O Tesouro Direto é uma ótima ferramenta para acumulação de patrimônio. Acredito que o primeiro foco do investidor deva ser em pensar qual o prazo desse investimento e tentar adequar de acordo com os títulos oferecidos. Pelo menos é dessa forma que ensinamos no curso Geração de Renda com investimentos e que está com a lista de espera aberta, basta clicar aqui (http://dicadehoje7.rds.land/geracao-de-renda-02).

Se o seu prazo é muito longo, maior que 15 anos para a aposentadoria, você deve priorizar títulos atrelados ao IPCA, mesmo que seja na ponta mais longa. IPCA 2035 e IPCA 2045, pois as variações de curto prazo não irão afetar o rendimento contratado ao final. Se você tem um perfil mais ativo e quer tentar com variações de curto e médio prazo (6 meses a 3 anos), caso a inflação, realmente se mantenha baixa, o ideal seriam os títulos pré-fixados, visto que a inflação implícita desses títulos, comparando o pré 2025 e o IPCA 2024, ainda está em 4,55% ao ano, mais de 0,5 pp acima das previsões de inflação.

Finance News – fundos de investimento de renda fixa ainda valem a pena, considerando que cobram taxa de administração?

Daniel Nigri – Interessante essa pergunta sobre Fundos de Investimentos, porque muitos deles, não os dos grandes bancos, conseguem rentabilidade maior que 100% do CDI, mesmo descontando as taxas de administração cobradas. Isso ocorre porque investem em vários tipos de ativos que não estariam disponíveis para pessoas físicas, como direitos creditórios, debêntures, alguns CDBs restritos a investidores profissionais dentre outros. Nós na área de membros do Dica de Hoje (https://areademembros.dicadehoje7.com) temos uma parte separada, brilhantemente tocado pelo Rafael Zattar e que recomendamos Fundos de Investimentos, desde Fundos Conservadores apenas Renda Fixa, até Fundos agressivos de ações.

Abaixo aproveito para postar a rentabilidade neste ano da Carteira Z Light que é focada exclusivamente em ativos de Renda Fixa para investidores conservadores. A única desvantagem que eu vejo é a liquidez de alguns dos fundos recomendados, que às vezes necessitam de prazos de 30 dias de resgate. Mas a rentabilidade compensa, se não for o dinheiro da sua reserva de emergência.