Visão e risco pelo cofundador da Apple Steve Jobs
Anos 70. Dois jovens geniais, cheios de planos e energia. Os dois chamavam-se Steve. Mas as semelhanças acabavam por aí. Um deles era Wozniak. O outro era Jobs. As maiores diferenças entre os dois estavam na capacidade de empreender, na visão do produto e no espírito de liderança. Certa vez, Wozniak afirmou que jamais tinha pensado em vender microcomputadores. Foi Jobs que teve essa ideia e a colocou em prática.
E foi assim que Jobs entrou para a história como homem de negócios que criou uma das empresas de capital aberto mais valiosas do mundo. Para quem está começando no universo business, é importante ficar atento ao que ele fez de certo, principalmente, sobre a visão que ele tinha do produto, sua percepção de mercado e a propensão a correr riscos.
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O ano era 1979. Steve Jobs, acompanhado de alguns colaboradores da Apple, foi visitar o Xerox Parc, o centro de pesquisa da Xerox, em Palo Alto. Nesse local Jobs viu o futuro. Mais do que isso, enxergou produtos, como a aplicação da tela em cores do computador, o modelo de desktop e o mouse. A Xerox já tinha desenvolvido essas ferramentas, mas não para uso comercial. Durante a visita, Jobs não parava de exclamar como a empresa, famosa pelas fotocopiadoras, não tinha tirado proveito daquilo tudo até então.
É claro que o cofundador da Apple não viu a potencialidade das novas tecnologias sozinho. Na verdade, seu colaborador Jef Raskin foi quem sugeriu que Jobs fosse ao Parc. (Para variar, Jobs acabou brigando com Jef tempos depois).
Pesquisa de mercado para quê?
A facilidade para identificar o que poderia ser um bom produto não evitou que o cofundador da Apple cometesse erros. Prova disso foram os produtos de sua outra empresa, a Next, que não tiveram tanto sucesso.
Mas os erros e os acertos o fizeram amadurecer. Sua história como executivo da Pixar o colocou de volta no grupo dos empresários bem sucedidos na área de tecnologia.
Em sua trajetória, porém, alguns princípios estavam cristalizados, por mais que se opusessem às boas normas da área da administração. Um deles desperta certa polêmica. Para Steve Jobs a máxima “dar ao cliente o que ele quer” nem sempre deve ser levada em conta. O empresário acreditava que o mais importante era descobrir desejos e necessidades futuras. Ele afirmava que o consumidor não sabe o que quer até “que a gente mostre a ele”.
Esse princípio encontra fundamento em uma frase atribuída a outro grande nome do empreendedorismo americano, o fundador da Ford Motor Company, Henry Ford, que certa vez teria afirmado: “se eu perguntasse a meus compradores o que eles queriam, teriam dito que era um cavalo mais rápido”.
É preciso contextualizar o que Jobs falou sobre pesquisa com os consumidores. O setor no qual sua empresa estava inserida exigia saltos de inovação com a utilização de tecnologias de difícil compreensão para os leigos. Afinal, em 2005, antes do Iphone ser lançado, seria complicado perguntar ao usuário final, se ele gostaria de ter uma tela multitoque em um celular. Pesquisas são úteis às empresas. O mais importante aqui é transformar a máxima de Jobs em uma reflexão sobre esse tipo de processo em uma organização.
É preciso arriscar
Polêmicas à parte sobre pesquisa de mercado, o fato é que Jobs era ousado e com forte propensão para correr riscos. Sua personalidade explosiva era um ingrediente para essa postura.
O empresário transferiu essa cultura para a Apple. Não raro, ele costumava dizer que certos momentos era hora de “apostar a empresa”, ou seja, arriscar muito. E se tivessem sucesso, o retorno seria muito alto.
Foi o que ocorreu com o projeto Iphone. Jobs e sua equipe avaliavam que um telefone sem teclado nem caneta seria desafiador. A abordagem, chamada de multitoque, era bem mais arriscada já que não sabiam se conseguiriam fazer a engenharia do produto. Na época, o BlackBerry (quem lembra?) fazia muito sucesso, principalmente entre pessoas de negócio, e alguns integrantes do projeto Iphone defenderam que o smartphone tivesse teclado.
Jobs apostou no teclado na tela. O Iphone foi um sucesso. Ele e seus colaboradores correram risco e a Apple colhe até hoje um alto retorno com esse produto.