MANCHETE SECUNDÁRIA

Quais as perspectivas para os FIIs? Conversamos com a analista-chefe do Inter

analista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria

 

 

Publicado às 13h50

 

O Finance News conversou com a analista-chefe e head de research do Inter, Rafaela Vitoria, sobre as perspectivas para os Fundos de Investimentos Imobiliários. Em uma entrevista concedida à jornalista Clara Almeida, a analista comentou sobre os seguintes segmentos: shoppings, logística, escritórios e hotéis. 

Confira: 

 

Finance News: Rafaela, como estão as perspectivas para o setor de shoppings?

Rafaela Vitoria: Os shoppings, hoje, fazem parte de uma das categorias que a gente está achando mais interessante. Eles sofreram muito com a pandemia, não recuperaram ainda todo seu valor. Os grandes fundos de shoppings, hoje, negociam, mais ou menos, a 90% do seu valor patrimonial. Ou seja, você está comprando um imóvel com 10% de desconto. Se você olhar o histórico de dividendos dos últimos 12 meses, ele realmente foi bem mais baixo do que a média, porque os shoppings ficaram fechados, as administradoras deram descontos para os lojistas. Mas, à medida que a mobilidade retorna, a gente está vendo esses aluguéis serem recuperados. Portanto, a perspectiva é de que o retorno dos fundos de shoppings tende a ter um bom crescimento daqui para frente com a volta da ocupação dos shoppings. A gente tem uma perspectiva muito positiva para esse setor. 

Finance News:  E o setor de logística? 

Rafaela Vitoria: O setor de logística foi um setor que, na verdade, performou muito bem nesse período de pandemia. É interessante até para falar isso. A Covid realmente bagunçou a vida de quase todo mundo. Mas para alguns setores, foram oportunidades. A gente não pode negar que o setor de logística foi um setor que cresceu muito com a pandemia, principalmente pela demanda do varejo online, que cresceu muito e demandou bastante a construção de galpões. Esse setor também é um que tem uma facilidade de construção maior.

Perto do que é uma construção de um shopping, a construção de galpão é relativamente mais rápida. Então, é um setor que expandiu muito nesses últimos 12 meses, um setor que foi bastante resiliente, sem perda de locatários, combate à vacância, com a correção dos aluguéis em alguns casos seguindo o IGP-M. Foi o que mostrou uma grande resiliência. Obviamente, hoje ele não tem a mesma atratividade do que outros setores, ele não negocia com descontos, mas ainda assim é uma renda que se mostrou bastante interessante em períodos de crise. A gente não sabe o dia de amanhã, então a diversificação é sempre importante. Por isso, a gente continua recomendando ter uma parcela do investimento em fundo imobiliário em galpões logísticos. 

Finance News: Quanto ao setor que envolve escritórios, qual é a avaliação? 

Rafaela Vitoria: Escritórios é difícil falar macro porque existem escritórios e escritórios. É diferente de shoppings. Todos os shoppings foram afetados (com a pandemia). Independente da localização, de ser um bom shopping ou não. A gente falava antes, o shopping “triplo A”, o shopping da cidade do interior, todos. Sudeste, nordeste, todos tiveram um período grave e todos estão se recuperando bem agora.

Lajes a gente não pode falar macro porque o setor tem muita divergência. Eu diria que os bons de imóveis, os imóveis “triplo A” que eles chamam, que são localizados nas regiões mais nobres, principalmente de São Paulo na Faria Lima, esses continuam indo bem e com pouca vacância. Você tem pouca oferta de imóvel nessa região, então a recuperação do aluguel tende a ser mais rápida. Mas a gente tem alguns imóveis de lajes em locais mais afastados, que ainda sofrem com alguma vacância, e alguns também na cidade do Rio que tem uma recuperação mais lenta que já vem de uma crise do petróleo de 2015.

É muita vacância ainda de longa data, então são escritórios que podem demorar mais para recuperar. Por isso, eu diria que é esse um setor para gente olhar caso a caso, a localização, a qualidade do imóvel, porque alguns fundos podem ter uma recuperação mais rápida do que outros. 

Finance News: E os hotéis?

Rafaela Vitoria: Existem poucas opções na bolsa de fundo de hotéis. É uma categoria que estava crescendo e a pandemia teve bastante impacto, mas também tem uma perspectiva de recuperação. Eu acho que a recuperação de hotéis, diferente da de shoppings, vai ser um pouco mais lenta. O setor de viagens e lazer está começando a retomar agora, mas a gente ainda vê um certo receio das pessoas com relação a muita movimentação. Você começa a ficar à vontade com a pandemia, você vai em um shopping já com certo conforto. Já para fazer uma viagem, ainda tem muita gente esperando um pouco mais. Então a gente está vendo uma recuperação um pouco mais lenta, mas acredita que, com a volta da mobilidade total, com a vacinação chegando a um patamar acima de 70% no Brasil, esse é um setor que também tende a ter uma boa recuperação.

Finance News: É possível estimar um prazo?

Rafaela Vitoria: Eu acho que essa recuperação só vai ser mais vista no próximo ano. Muitos dos hotéis dependem do turismo corporativo, que são eventos, e a gente tem visto que muitos desses eventos vão voltar só no próximo ano. Até chegamos a pensar que alguns eventos voltassem ainda esse ano, mas, de novo, as empresas estão empurrando, esperando mais um pouco para ter certeza e segurança. Então eu acho que o setor de hotéis ainda depende desse turismo corporativo, que deve voltar mais forte só em 2022. 

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Entenda:

FII

Fundo de investimento imobiliário ou FII é uma comunhão de recursos destinados à aplicação em empreendimentos imobiliários. Esse tipo de fundo permite acesso a empreendimentos de qualidade; renda recorrente e tem isenção de imposto de renda nos dividendos para pessoa física.

CRIs

CRI é a sigla para Certificado de Recebível Imobiliário. O CRI é o ativo base dos chamados fundos de papel. O CRI é um títulos de crédito que tem lastro em créditos imobiliários e constitui promessa de pagamento em dinheiro. Os FIIs de CRIs investem seu capital de forma predominante em títulos de dívida imobiliária.

Dividend Yield

Indicador utilizado como base para o retorno esperado do cotista em termos de dividendos.

Ifix

O Ifix é o índice da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, para os Fundos Imobiliários. Assim como o índice Bovespa (Ibovespa) mostra a performance média das ações mais negociadas, o IFIX mostra como os FIIs mais negociados se comportam em um dado período.

Importante:

O Finance News não faz recomendação de compra ou venda de ativos. O texto acima tem por objetivo informar.

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Redação

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