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10 perguntas (e respostas) sobre a queda da Bolsa

Gráfico semanal do Ibovespa

 

 

Desde a máxima no começo de junho até a última sexta-feira, 20 de agosto, o principal índice de ações do Brasil, o Ibovespa, caiu aproximadamente 10%. O Finance News pediu a analistas de mercado para analisar os motivos da desvalorização. A seguir resumimos suas avaliações em 10 questões:

 

1 -O Ibovespa começou a cair por quê?

A queda ocorre devido a fatores externos e internos. Entre os fatores externos estão o avanço da variante delta do coronavírus, que ameaça a retomada da economia no mundo e pressiona as commodities, como petróleo e minério de ferro. A pressão regulatória do governo da China também ajuda a derrubar o preço do minério e do aço. Entre os fatores internos estão aumento do risco fiscal em meio a ruídos políticos no Brasil (tensão entre os Poderes); alta dos juros, e estimativa de redução da atividade econômica para 2022. Além disso, não foi bem recebida a proposta de reforma do Imposto de Renda, o que penalizou empresas boa pagadoras de proventos. 

2 -Por que aumentou o risco fiscal no Brasil?

No momento, analistas avaliam que, com a alta persistente da inflação, o governo será obrigado a gastar ainda mais do que se previa. Isso em meio ao risco de ter que pagar precatórios bilionários e às vésperas de um ano eleitoral, quando as chances de medidas populistas aumentam. 

A percepção do risco de que seja furado o teto de gastos se eleva. Vale lembrar que o teto é a barreira constitucional que limita o endividamento federal de longo prazo.

Tudo isso se traduz em algo que grandes players do mercado não gostam: incerteza.

3 -Como a incerteza se reflete nos juros de longo prazo?

Quanto maior a incerteza, maior é o prêmio exigido pelo mercado para investir. Ou seja: maior é o juro exigido. 

Por isso que a taxa de juros pré-fixada de 10 anos teve forte alta nas últimas semanas no Brasil, o que não vem ocorrendo com outros países emergentes.

Para se ter uma ideia, a taxa de um título do tesouro chamado de NTN-B 2050 se aproxima do patamar registrado no pior momento da pandemia, isto é, quando houve um momento de grande incerteza.

4 -Como juros longos afetam a Bolsa?

Os analistas ouvidos pelo Finance News apontam que nosso país é um dos poucos a ver uma elevação acentuada do juro de longo prazo. Isso tem um impacto direto em ativos de risco, como é o caso das ações. 

Nesse cenário, grandes investidores tendem a mirar mais em ativos atrelados a juros e ter menor exposição à Bolsa.

5 -Quais os riscos que devem ser monitorados?

A elevação dos gastos no Brasil sem uma contrapartida e a retirada dos estímulos pelo Banco Central americano são citados como os principais, além de outros. 

6 -Decisões tomadas pelo BC americano também podem afetar a nossa Bolsa?

A redução dos estímulos, importantes durante a crise provocada pela pandemia, pelo Banco Central americano leva à redução da liquidez pelo mundo. Menos dinheiro à disposição tende a gerar um movimento de busca por locais mais seguros para investir, como países ricos. 

O capital especulativo de sobra inflou o preço de muitas ações na Bolsa brasileira e na de muitos países.

7 -Aumento dos juros nos EUA preocupa?

É importante também entender outra medida do Banco Central dos EUA que pode impactar nosso mercado: a elevação dos juros americanos. 

Embora ainda não seja uma preocupação de agora (o mercado está mais atento à redução dos estímulos), esse tema deve ganhar relevância nos próximos trimestres. A alta dos juros americanos retira dinheiro dos emergentes, faz o dólar subir e provoca alta da inflação.

8 -O resultado das empresas sinalizou recuperação, então a Bolsa não deveria estar subindo?

De fato, os resultados do segundo trimestre deste ano mostraram que muitas empresas com ações negociadas na B3 voltaram a ter bons níveis de rentabilidade, o que acaba tornando indicadores financeiros e operacionais das suas ações ainda interessantes.

No entanto, entre as sinalizações dos balanços do segundo trimestre das companhias e as projeções do que está por vir, o mercado, nesse momento, tem dado maior ênfase nos próximos trimestres, precificando agora um cenário mais adverso nos próximos trimestres.

9 -A base de comparação também ajudou?

Analistas afirmam ainda que é preciso entender que a base de comparação ajudou muitas empresas. Houve companhias que reverteram o prejuízo em relação ao 2T20. Só que no segundo trimestre de 2020, vale lembrar, a grande maioria das empresas sofreu com o impacto do fechamento da economia devido à pandemia.

10 -Com a queda da Bolsa, as ações estão descontadas?

Nesse ponto especialistas se dividem. Alguns acreditam que as ações estão baratas e a queda do Ibovespa é uma oportunidade para comprar papéis de companhias com bons fundamentos, boa gestão e de setores promissores. 

Outros acreditam que muitos papéis podem cair mais já que subiram em função de uma estimativa de crescimento da economia bem maior do que as projeções atuais. 

Todos são unânimes em afirmar que os investidores agora terão que ser mais seletivos e estar posicionados em companhias com boas perspectivas de resultados mesmo diante do cenário mais desafiador e resilientes ao cenário macroeconômico.

Analistas ressaltam que o cenário mais pessimista não significa que o investimento em ações se torne ruim. Mas sinaliza que é preciso reforçar o manejo do risco para quem opera no curto prazo. Já para aqueles que gostam que comprar ações para o longo prazo (anos) é necessário adotar avaliações mais profundas sobre as empresas em que pretende investir.

 

 

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Redação

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