A agência de classificação de risco Fitch manteve negativa a perspectiva da nota da dívida pública brasileira. A decisão foi divulgada no início da tarde desta quinta-feira (27) e significa que a agência pode reduzir a nota do país nos próximos meses ou anos.
Desde maio do ano passado, a Fitch mantém o Brasil com perspectiva negativa. Atualmente, a agência concede nota BB- para o país, três níveis abaixo do grau de investimento, garantia de que o país não corre risco de dar calote na dívida pública.
Em comunicado, a agência informou que a perspectiva negativa decorre de riscos para a consolidação fiscal (reequilíbrio das contas públicas) e a possibilidade de atraso na recuperação econômica, o que torna mais difícil estabilizar a dívida pública no médio prazo. A Fitch também citou incertezas em relação ao avanço da pandemia de covid-19 no país e potenciais atrasos no processo de vacinação como fatores que reforçam a perspectiva negativa.
“As pressões dos gastos públicos persistem e suporte fiscal adicional para lidar com as consequências da pandemia não pode ser descartado. As contínuas fragilidades fiscais, assim como o encurtamento da dívida, tornam o Brasil vulnerável a choques”, destacou a Fitch no texto.
Além da alta necessidade de financiamento (grande necessidade de emitir títulos da dívida pública), o comunicado citou a rígida estrutura fiscal, o fraco potencial de crescimento e o cenário político difícil como fatores que afetam o avanço das reformas fiscais e econômicas.
Apesar de listar riscos, a agência destacou que existem fatores que sustentam a manutenção da nota em BB-. O comunicado citou as elevadas reservas internacionais do país, a taxa de câmbio flexível e a renda per capita (renda dividida pelo número de habitantes) maior que a de outros países com economias semelhantes. No entanto, uma severa deterioração nas condições de empréstimo dos mercados doméstico e externo e uma grave diminuição das reservas internacionais poderão aumentar o risco de rebaixamento do país.
A Fitch projeta crescimento de 3,3% para o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) do Brasil neste ano e expansão de 2,5% em 2022. Segundo a agência, o resultado deste ano será afetado pela fraca base de comparação em 2020 e por fatores externos como a recuperação do comércio global e a elevação do preço das commodities (bens primários com cotação internacional).
Segundo a Fitch, o déficit nominal – resultado negativo das contas do governo incluindo os juros da dívida pública – deverá encerrar 2021 em 7,4% do PIB, depois de chegar a 13,7% em 2020. O comunicado alertou para a inflação, informando que ela deve superar o centro da meta, de 3,75% neste ano, por causa do preço das commodities e do dólar alto.
A última vez em que a Fitch tinha rebaixado a nota brasileira tinha sido em fevereiro de 2018, quando a classificação do país foi reduzida para três níveis abaixo do grau de investimento. Essa é mesma nota concedida pela S&P, outra das principais agências de classificação de risco. A Moody’s classifica o país dois níveis abaixo do grau de investimento.
Informações da Agência Brasil
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