Publicado às 9h20min
Em julho de 2020, a produção industrial cresceu 8% frente a junho de 2020 (série com ajuste sazonal), com três meses seguidos de alta. O esperado por analistas era alta de 5,9%.
O crescimento, porém, ainda não foi suficiente para eliminar a perda de 27% acumulada em março e abril, que levaram o patamar de produção ao seu ponto mais baixo da série.
Em relação a julho de 2019 (série sem ajuste sazonal), a indústria recuou 3,0% em julho de 2020, nono resultado negativo seguido nessa comparação. Com isso, o setor acumula perda de 9,6% no ano. Em doze meses, a redução foi de 5,7%, marcando o recuo mais intenso desde dezembro de 2016 (-6,4%) e acelerando a perda frente aos meses anteriores. A publicação completa da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) está à direita.
A atividade industrial nacional registrou três meses seguidos de crescimento. Assim, eliminou parte da perda de 27,0% acumulada em março e abril, momento de agravamento dos efeitos do isolamento social por conta da pandemia da COVID-19, que afetou o processo de produção em várias unidades produtivas no país.
O avanço de 8,0% da atividade industrial, de junho para julho de 2020, alcançou todas as grandes categorias econômicas. Além disso, houve altas em 25 dos 26 ramos pesquisados.
Produção da atividade de veículos automotores avança 43,9% frente a junho
Entre as atividades, a influencia positiva mais relevante em relação ao mês anterior foi assinalada pela de Veículos automotores, reboques e carrocerias, que avançou 43,9% em julho de 2020, impulsionada, em grande medida, pela continuidade do retorno à produção após a interrupção em função da pandemia. O setor acumulou expansão de 761,3% em três meses consecutivos de crescimento na produção, mas ainda assim se encontra 32,9% abaixo do patamar de fevereiro último.
Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de Metalurgia (18,7%), de Indústrias extrativas (6,7%), de Máquinas e equipamentos (14,2%), de Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,8%), de Outros produtos químicos (6,7%), de Produtos alimentícios (2,2%), de Produtos de metal (12,4%), de Produtos de minerais não-metálicos (10,4%), de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (29,7%), de Produtos de borracha e de material plástico (9,8%), de Produtos têxteis (26,2%), de Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (13,8%), de Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,0%), de Produtos diversos (27,9%) e de Bebidas (4,6%).
Por outro lado, o ramo de Impressão e reprodução de gravações, com queda de 40,6%, assinalou o único resultado negativo nesse mês. A atividade havia registrado expansão de 77,1% em junho, quando interrompeu dois meses de consecutivos de redução na produção, período em que acumulou perda de 27,7%.
Entre as grandes categorias econômicas, em relação a junho de 2020, bens de consumo duráveis, ao crescer 42,0%, mostrou a taxa positiva mais acentuada em julho de 2020. Foi o terceiro mês seguido de expansão na produção, acumulando 443,8% de avanço no período. Mesmo assim, o segmento ainda se encontra 15,2% abaixo do patamar de fevereiro.
Os setores produtores de bens de capital (15,0%) e de bens intermediários (8,4%) avançaram acima da média da indústria (8,0%). Já o de bens de consumo semi e não-duráveis (4,7%) também teve taxa positiva, mas assinalou o crescimento menos intenso entre as categorias econômicas. Todos esses segmentos apontaram expansão pelo terceiro mês consecutivo e acumularam no período ganhos de 70,5%, 21,1% e 24,0%, respectivamente, mas ainda assim permanecem abaixo do patamar de fevereiro último.
Média móvel avança 8,8% no trimestre encerrado em julho
Ainda na série com ajuste sazonal, a média móvel trimestral para o total da indústria avançou 8,8% no trimestre encerrado em julho de 2020 frente ao nível do mês anterior, interrompendo a trajetória de quedas iniciada em novembro de 2019. A expansão observada nesse mês foi a mais acentuada desde o início da série histórica.
Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis (64,0%) assinalou o avanço mais intenso em julho de 2020 e interrompeu o comportamento negativo presente desde dezembro de 2019, acumulando recuo de 64,8% no período.
Os setores de bens de capital (18,6%), de bens de consumo semi e não-duráveis (7,3%) e de bens intermediários (6,7%) também mostraram taxas positivas em julho de 2020 e os avanços mais elevados das séries históricas. O primeiro interrompeu trajetória de quedas iniciada em junho de 2019; o segundo intensificou a alta de 1,3% do mês anterior; e o terceiro eliminou parte da perda de 12,8% acumulada de março a junho de 2020.
Indústria recuou 3,0% em relação a julho de 2019
Na comparação com igual mês de 2019, o setor industrial caiu 3,0% em julho de 2020, com resultados negativos em três das quatro grandes categorias econômicas, 11 dos 26 ramos, 49 dos 79 grupos e 56,6% dos 805 produtos pesquisados. Sendo que julho de 2020 (23 dias) teve o mesmo número de dias úteis do que igual mês do ano anterior (23).
Entre as atividades, a de Veículos automotores, reboques e carrocerias (-34,7%) exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria. Outras contribuições negativas importantes foram as assinaladas pelos ramos de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-34,6%), de Metalurgia (-11,2%), de Couro, artigos para viagem e calçados (-33,4%), de Máquinas e equipamentos (-10,0%), de Impressão e reprodução de gravações (-48,9%), de Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-21,2%), de Outros equipamentos de transporte (-16,0%) e de Produtos diversos (-12,0%).
Por outro lado, ainda em relação a julho de 2019, entre as quinze atividades em alta, a principal influência no total da indústria foi registrada por Produtos alimentícios (9,4%), Bebidas (16,0%), Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,1%), Outros produtos químicos (4,8%), Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (9,1%), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (7,2%), Perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (10,9%) e Indústrias extrativas (0,9%).
Entre as grandes categorias econômicas, ainda frente a julho de 2019, bens de consumo duráveis (-16,9%) e bens de capital (-15,4%) registraram os recuos mais acentuados. O segmento de bens de consumo semi e não-duráveis (-5,2%) também mostrou redução na produção. Já os bens intermediários (1,4%) registraram a única taxa positiva nesse mês.
O segmento de bens de consumo duráveis, ao recuar 16,9%, marcou o sexto resultado negativo seguido na comparação de cada mês com o seu equivalente no ano anterior. Em julho, o setor foi particularmente pressionado pela redução na fabricação de Automóveis (-38,4%). Por outro lado, os impactos positivos vieram de Eletrodomésticos da “linha branca” (28,7%) e da “linha marrom” (27,3%), de Motocicletas (6,6%) e dos grupamentos de Móveis (5,7%) e de Outros eletrodomésticos (2,6%).
Já o segmento de bens de capital, ao recuar 15,4%, assinalou a sexta taxa negativa consecutiva. Em julho de 2020, o setor foi influenciado, em grande medida, pela queda observada em bens de capital para Equipamentos de transporte (-32,1%). As demais taxas negativas foram registradas por bens de capital para fins industriais (-12,8%), para construção (-14,4%), de uso misto (-2,9%) e para energia elétrica (-0,7%). Por outro lado, o único impacto positivo foi assinalado pelo grupamento de bens de capital agrícola (12,1%).
E o segmento de bens de consumo semi e não-duráveis, ao recuar de 5,2%, registrou a sétima taxa negativa consecutiva na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O resultado mais recente foi impactado pelas quedas nos grupamentos de semiduráveis (-24,8%) e de carburantes (-13,1%). O segmento de não-duráveis (-1,7%) também assinalou queda na produção. Por outro lado, o grupamento de Alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (4,0%) apontou a única taxa positiva nessa categoria.
A produção de bens intermediários, com crescimento de 1,4%, interrompeu quatro meses de taxas negativas consecutivas na comparação com igual mês do ano anterior. O resultado de julho de 2020 foi influenciado pelos avanços nos produtos associados às atividades de Produtos alimentícios (18,7%), de Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (13,9%), de Outros produtos químicos (5,4%), de Indústrias extrativas (0,9%) e de Celulose, papel e produtos de papel (1,5%).
Já as pressões negativas vieram dos Veículos automotores, reboques e carrocerias (-33,5%), da Metalurgia (-11,2%), das Máquinas e equipamentos (-13,1%), dos Produtos de borracha e de material plástico (-3,4%), dos Produtos têxteis (-7,2%) e dos Produtos de metal (-2,4%).
Vale ressaltar, ainda nessa categoria econômica, os resultados dos Insumos típicos para construção civil (3,4%), que interromperam sete meses seguidos de queda na produção; e das Embalagens (-0,6%), que marcaram a quarta taxa negativa consecutiva.
Todas as grandes categorias acumulam recuo no ano
O acumulado no ano, frente a igual período de 2019, recuou 9,6%, com resultados negativos em 4 das 4 grandes categorias econômicas, 20 dos 26 ramos, 64 dos 79 grupos e 74,0% dos 805 produtos pesquisados.
Entre as atividades, a dos Veículos automotores, reboques e carrocerias (-42,1%) exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria. Mas cabe destacar também as contribuições negativas dos ramos de Metalurgia (-15,1%), de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-36,4%), de Máquinas e equipamentos (-15,7%), de Couro, artigos para viagem e calçados (-33,7%), de Produtos de borracha e de material plástico (-11,3%), de Produtos de minerais não-metálicos (-11,6%), de Outros equipamentos de transporte (-33,2%), de Produtos de metal (-9,7%), de Produtos têxteis (-19,8%), de Bebidas (-8,1%), de Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,0%), de Indústrias extrativas (-2,2%) e de Outros produtos químicos (-4,4%).
Por outro lado, entre as seis atividades que apontaram ampliação na produção, as principais influências no total da indústria foram registradas por Produtos alimentícios (4,9%) e Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,8%).
Entre as grandes categorias econômicas, o perfil dos resultados para os sete primeiros meses de 2020 mostrou menor dinamismo para bens de consumo duráveis (-33,8%) e bens de capital (-20,3%), pressionadas, em grande parte, pela redução na fabricação de Automóveis (-49,4%) e Eletrodomésticos (-8,4%), na primeira; e de bens de capital para equipamentos de transporte (-35,5%) e para fins industriais (-15,7%), na segunda.
Os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (-9,4%) e de bens intermediários (-5,3%) também assinalaram taxas negativas no índice acumulado no ano, mas ambos com quedas menos acentuadas do que a observada na média nacional (-9,6%).
Fonte: IBGE
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