O Tesouro Nacional captou US$ 3 bilhões de investidores internacionais com as menores taxas de juros em sete anos. O dinheiro veio da emissão, feita nesta quarta (3), de US$ 1,25 bilhão em títulos da dívida externa com vencimento em junho de 2025 e de US$ 2,25 bilhões em títulos da dívida externa com vencimento em junho de 2030.
A taxa obtida na emissão dos papéis de dez anos, com vencimento em 2030, somou 4% ao ano. Embora os juros estejam maiores que o da última emissão desse tipo de papel, em novembro do ano passado, continuam inferiores aos 4,7% ao ano obtidos na penúltima emissão, em março de 2019.
Para os papéis de cinco anos, a taxa somou 3%. Como o Brasil não emitia títulos com prazo tão curto desde meados dos anos 2000, o Tesouro não pode fazer uma comparação.
Taxas baixas de juros indicam pouca desconfiança dos investidores de que o Brasil não conseguirá pagar a dívida. Em momentos de crise econômica como o atual, os estrangeiros passaram a cobrar juros mais elevados para comprar os papéis brasileiros. No caso dos papéis de dez anos, as taxas ficaram próximas dos níveis observados antes da pandemia de coronavírus.
Por meio do lançamento de títulos da dívida externa, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores internacionais com o compromisso de devolver os recursos com juros. Isso significa que o Brasil devolverá o dinheiro daqui a vários anos com a correção dos juros acordada, de 3% ao ano para os papéis que vencem daqui a cinco anos, e de 4% ao ano para os papéis que vencem daqui a dez anos.
Apesar dos juros baixos, o spread, que é a diferença entre os títulos brasileiros de dez anos e os papéis do Tesouro norte-americano com o mesmo prazo subiu. A taxa do papel brasileiro foi 324,3 pontos-base maior que a dos papéis norte-americanos. Essa foi a maior diferença desde junho de 2005. Para os papéis de cinco anos, o spread atingiu 263,1 pontos (2,631 pontos percentuais).
Isso significa que o Tesouro Nacional pagará juros 3,243 pontos percentuais acima dos papéis de dez anos emitidos pelo governo dos Estados Unidos e taxas 2,631 pontos acima dos bônus norte-americanos de cinco anos. Os títulos norte-americanos são considerados os papéis mais seguros do mundo.
Segundo o Tesouro, a operação de hoje atraiu o interesse dos investidores. De acordo com o órgão, houve demanda fortíssima ao longo de todo o dia. Mesmo quando o Tesouro reduziu os juros ofertados, as compras continuaram subindo, o que é atípico na avaliação do Ministério da Economia.
Os recursos captados no exterior serão incorporados às reservas internacionais do país em 10 de junho. De acordo com o Tesouro Nacional, as emissões de títulos no exterior não têm como objetivo principal reforçar as divisas do país, mas fornecer um referencial para empresas brasileiras que pretendem captar recursos no mercado financeiro internacional.
Na última emissão de papéis de aproximadamente 10 anos, em novembro do ano passado, o Brasil havia captado US$ 500 milhões com juros de 3,809% ao ano. Os juros estão inferiores aos registrados em março de 2016, quando o Tesouro tinha captado US$ 1,5 bilhão no exterior com taxas de 6,125% ao ano.
A última emissão de papéis de cinco anos em dólares ocorreu em junho de 2004, com títulos corrigidos pela Libor (taxa cobrada entre bancos internacionais). Na ocasião, o Brasil havia captado US$ 750 milhões com juros 5,93 pontos acima da Libor.
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