Publicado às 19h02min
O Banco Central (BC) quer estimular a competitividade bancária no país para reduzir os juros cobrados e ampliar o acesso da população aos serviços financeiros. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta, 9, que os avanços tecnológicos no setor, como o open banking e o sistema de pagamentos instantâneos, vão abrir o mercado e serão “um marco na indústria financeira brasileira”.
“Muitas coisas que estamos fazendo é para igualar as redes digitais com as redes físicas. Todos os entraves que fazem com que a plataforma digital não consiga competir é nessa área que estamos atuando”, disse Campos Neto ao apresentar os resultados de implementação da Agenda BC#. Lançada em maio de 2029, ela reúne as ações estratégicas do BC para os próximos anos.
A expectativa da instituição é que os grandes bancos também tenham êxito nesse novo ambiente de maior competição estrutural. “Nossa ideia é criar competição bancária. Olhar para frente, como será a intermediação financeira no futuro? É inerente o crescimento da tecnologia e precisamos destravar as barreiras da competição”, disse Campos Neto.
No open banking os dados bancários pertencem aos clientes e as instituições financeiras vão compartilhar essas informações, produtos e serviços por meio de abertura e integração de plataformas e infraestruturas de tecnologia. A consulta pública sobre esse novo sistema já foi iniciada e a expectativa é que o processo de implementação seja finalizado ainda este ano.
No caso do sistema de pagamentos instantâneos, também previsto para o fim deste ano, o objetivo é permitir as transações a qualquer momento e torná-las mais baratas.
A Agenda BC# compreende quatro pilares: inclusão, competitividade, transparência e educação.
Ainda no item competitividade, o BC lançou este ano o Lift Learning, programa de incentivo ao desenvolvimento de soluções de inovação bancárias, e criou a área de competição e estrutura dentro do banco, que trabalha em projetos de modernização da infraestrutura do mercado financeiro.
Também houve o redesenho do cheque especial, com juros menores, menos agressividade e mais racionalidade; a proposta de uso de boleto bancário para depósito e a consulta para regulação de caixas eletrônicos nesse novo cenário de bancos digitais.
Para Campos Neto, todas essas medidas de fomento à competitividade, e dos outros itens da Agenda BC#, fazem parte do ciclo de reinvenção do mercado com recursos privados. A ideia é incentivar os juros mais baixos a longo prazo para permitir o financiamento privado para grandes agentes e, consequentemente, que haja mais fomento público, com menos custo de crédito, aos pequenos e médios, garantindo mais inclusão e participação social no sistema financeiro.
Além da queda de juros, o cooperativismo, o incentivo ao microcrédito e a nova política de crédito rural fazem parte da agenda do BC. De acordo com o banco, 275 ações foram desenvolvidas na primeira fase da BC#, a maioria ainda em andamento. A segunda fase será anunciada em junho deste ano.
Para Campos Neto, parte do problema de acesso ao crédito e da inadimplência alta no país é a falta de educação financeira da população. “Queremos incentivar a poupança e fazer com que as pessoas tenham mais entendimento sobre os produtos financeiros”, disse Campos Neto sobre o quarto pilar da Agenda BC#.
A instituição já tem estimulado a renegociação de dívidas pelos bancos e, em contrapartida, os devedores participam de cursos de educação financeira. E um dos projetos do BC é que a realização desses cursos resultem em uma certificação e em benefícios para o cidadão junto ao sistema bancário. De acordo com o banco, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) está desenvolvendo essa plataforma eletrônica de educação financeira.
De acordo com o BC, dois mutirões de renegociação estão previstos para 2020, com a expectativa de atender ao menos 1 milhão de clientes em cada um.
Agência Brasil
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