Leonardo Uram, gestor da Guide Investimentos
Será que os produtos da Renda Fixa (CDB, Títulos do Tesouro, entre outros) ainda valem a pena diante da queda da taxa básica de juros?
Essa é uma questão que tem tirado o sono de muitos investidores.
O Finance News entrevistou Leonardo Uram, gestor da Guide Investimentos, sobre o tema. Confira:
Finance News – Quais produtos na Renda Variável se adequam melhor ao investidor conservador que estava acostumado a investir só na Renda Fixa?
Leonardo Uram – Para investidores que estão habituados somente à renda fixa, os fundos Long Short são boas alternativas. Nesse tipo de estratégia, os gestores compram um grupo de ações com bons fundamentos e ao mesmo tempo vendem (ficam “short”) em outro conjunto de ações que devem ter um desempenho relativamente pior, dessa forma, conseguem neutralizar boa parte do risco, entregando uma volatilidade reduzida.
Outra alternativa são os fundos multimercados macro, que além de operarem no mercado de ações, também acessam os mercados de juros, câmbio e commodities. Esses fundos normalmente possuem volatilidades inferiores aos fundos de ações.
Finance News – Qual deve ser o percentual de alocação do capital na renda variável para quem tem perfil mais conservador?
Leonardo Uram – De acordo com o modelo de alocação de recursos proprietário da Guide, um cliente com perfil conservador deve ter até 30% do seu portfolio alocado em fundos multimercado macro e long short, porém não recomendamos uma alocação direcional em ações.
Finance News – O mais recente relatório Focus, elaborado pelo Banco Central, projeta a Selic em 4,5% no fim de 2020. O IPCA (inflação oficial) em torno de 3,60%. Levando isso em consideração, como você avalia produtos da renda fixa atrelados ao CDI, como CDB, LCI e LCA?
Leonardo Uram – Os produtos de renda fixa atrelados ao CDI ainda desempenham um papel importante nas carteiras de investimentos, pois proporcionam rendimentos com maior previsibilidade e baixa volatilidade. Os CDBs, LCIs e LCAs contam com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), o que praticamente elimina o risco de perda de capital caso o montante investido esteja dentro do limite de cobertura.
É importante ressaltar que embora os juros no Brasil estejam em patamares historicamente baixos, ainda são mais elevados do que na maior parte dos países desenvolvidos.
Finance News – Com relação ao CDB e LCI, em sua opinião, o investidor deve optar pelo pré-fixado ou pelo pós-fixado em 2020?
Leonardo Uram – Com o fim do ciclo de cortes de juros se aproximando, acreditamos que existe pouco espaço para uma redução adicional das taxas pré-fixadas. Por isso recomendamos uma alocação mais concentrada em ativos pós-fixados.
Finance News – Quem quer aplicar em CDB deve ficar atento também à rentabilidade oferecida pelos bancos médios, que geralmente é maior. Ainda é uma boa estratégia investir em CDB de banco médio?
Leonardo Uram – Sim. Acreditamos que a retomada da atividade econômica e a provável expansão do crédito será positiva para os bancos médios. Nesse segmento é importante observar se o montante investido está coberto pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que garante uma proteção de até R$ 250 mil por instituição financeira (com somatória máxima de R$ 1 milhão em uma janela de 4 anos).
Finance News – Dentre os títulos do Tesouro Direto, quais você avalia que poderão ser uma alternativa em um cenário de inflação baixa? Por quê?
Leonardo Uram – Em um cenário de inflação baixa, o Banco Central tende a cortar ainda mais as taxas de juros, o que tende a beneficiar principalmente os títulos pré-fixados.
Finance News – Fundos de investimento de renda fixa ainda valem a pena, considerando que cobram taxa de administração?
Leonardo Uram – Os fundos de renda fixa são instrumentos interessantes, pois normalmente possuem uma carteira diversificada de emissores, análise profissional de crédito e maior escala para realizar operações de forma mais eficiente do que investidores individuais.
Com os juros em níveis historicamente baixos, a taxa de administração se tornou um custo relativamente maior, por isso é necessário estar cada vez mais atento a esse aspecto. Existe inclusive uma tendência na indústria de redução de taxas.
Acreditamos que os bons fundos vão seguir superando seus benchmarks, uma vez que o mercado de crédito privado deve se beneficiar de um crescimento econômico mais acelerado, abrindo oportunidades para os gestores tanto no mercado primário quanto no secundário.
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