Existem pessoas que pensam que para serem bem sucedidas nos investimentos (seja a compra de uma casa, aplicação em títulos do tesouro ou ações de empresas, etc) é necessário saber matemática financeira, entender como funciona o mercado financeiro, dominar princípios da economia, etc. Esses conhecimentos até são importantes, mas os leigos no assunto não precisam ficar decepcionados.
Um grupo de pesquisadores tem mostrado que entender de finanças nem sempre faz a diferença. O fundamental, afirmam, é saber como sua mente funciona ao tomar decisões que envolvem dinheiro.
Nesta série de reportagens vamos mostrar o que as Finanças Comportamentais descobriram sobre nosso cérebro e como isso impacta nossas decisões financeiras, inclusive de quem investe na Bolsa de Valores.
O estudo do Comportamento nas Finanças é uma área de pesquisa que reúne especialistas da neurociência e da psicologia. Entre esses pesquisadores, estão o Nobel de Economia, Daniel Kahneman e Amos Tversky.
No Brasil, uma expoente dessas pesquisas é a professora Vera Rita de Mello Ferreira.
O perigo das ‘regras de bolso’
Os estudiosos dessa área elaboraram várias teorias. Uma delas afirma que nossa mente tende a simplificar os processos de decisão.
Você já deve ter ouvido falar em ‘regras de bolso’. Essa expressão é usada com frequência nas Finanças Comportamentais. Essas ‘regras’ são atalhos que nossa mente usa para tornar a avaliação das informações mais fácil e rápida. Quer um exemplo? Se você compra uma ação de uma empresa agora e o papel despenca 15% em um dia, qual é sua primeira atitude? Muito provavelmente é vender. Uma parte de seu cérebro percebeu o risco (entendeu como perigo) e rapidamente outras áreas deram o veredito mais simples e rápido: vender os papéis. Nesse caso, o ideal não seria parar, pensar bem, fazer uma avaliação minuciosa para entender se há fundamentos para uma queda tão grande, se é algo passageiro ou não, consultar um especialista, para depois tomar uma decisão mais qualificada?
O grande problema das regras de bolso, também conhecidas por heurísticas, é que elas escondem um perigo: simplificar a tarefa de tomar decisões pode induzir a erros de avaliação e a atitudes que podem levar a perdas financeiras. Esses erros recebem o nome vieses pelas Finanças Comportamentais.
Quais são esses vieses? Quando ocorrem? O que fazer quando perceber que sua mente está agindo por meio de um viés? É isso que mostraremos nos próximos artigos desta série.
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