O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) afirmou que vai observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo. O comitê, que optou por manter a taxa básica de juros, a Selic em 6,5% ao ano, na última semana, acrescentou que essa análise sobre a economia não será concluída no curto prazo. A informação consta da ata da reunião do Copom, divulgada hoje (26).
Embora a maioria dos analistas esperavam por manutenção da taxa em 6,5% ao ano, alguns apostaram na redução da Selic como forma de estimular a economia.
Na ata, o Copom afirma que a economia brasileira sente o impacto da paralisação dos caminhoneiros no ano passado, da piora do ambiente externo para economias emergentes a partir do segundo trimestre de 2018 e a “elevada incerteza sobre o rumo da política econômica brasileira” no período eleitoral. “Esses fatores produziram impactos sobre a economia e aperto relevante das condições financeiras, cujos efeitos sobre a atividade econômica persistem mesmo após cessados seus impactos diretos”.
“O Copom julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, com menor grau de incerteza e livre dos efeitos dos diversos choques a que foi submetida no ano passado. O Comitê considera que esta avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo”, destacou o BC.
O Copom afirmou que os próximos passos para a definição da taxa Selic continuam dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.
“O Copom avalia que cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis [com fortes oscilações], têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a trajetória da inflação em direção às metas”, ressaltou.
No documento, o Copom avalia os riscos para a inflação. Para o comitê, o nível de ociosidade da economia pode levar à inflação a ficar abaixo do esperado. Por outro lado, diz o Copom, uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes na economia brasileira pode afetar prêmios de risco (retorno adicional cobrado por investidores para aceitar correr maior grau de risco) e elevar a trajetória da inflação. “O risco se intensifica no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes”, acrescentou.
Na ata, o Copom diz que as projeções para a inflação estão em “níveis apropriados ou confortáveis” convergindo para a meta que deve ser alcançada pelo Banco Central (BC) em 2019 e 2020.
O BC usa a taxa Selic como instrumento para alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Neste ano, a meta é 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%. Para 2020, a meta é 4%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de ficar acima da meta de inflação. Quando o Copom aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Na ata, o Copom disse que deve haver elevação da inflação nos próximos meses e atingir um pico em abril ou maio. Em seguida, a inflação acumulada em 12 meses deve recuar e encerrar o ano em 3,9% em 2019 e 3,8% em 2020, no cenário considerando projeções do mercado financeiro para a Selic e taxa de câmbio, ou em 4,1%, em 2019 e 4% em 2020, quando a estimativa é construída com taxa básica constante em 6,5% e dólar a R$3,85.
“A consolidação desse cenário favorável no médio e longo prazos depende do andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira, que são fundamentais para a manutenção do ambiente com expectativas de inflação ancoradas”, disse o Copom.
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