As exportações brasileiras deverão atingir US$ 220,117 bilhões em 2019, que representa recuo de 7,7% em comparação aos US$ 237,485 bilhões estimados para 2018. O dado consta da previsão da balança comercial para 2019, divulgada hoje (13), no Rio de Janeiro, pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Para as importações, a entidade prevê aumento de 2,1% para o próximo ano, totalizando US$ 186,360 bilhões, contra US$ 182,534 bilhões programados para o ano em curso. Segundo os dados, superávit da balança comercial será de U$ 33,757 bilhões no próximo ano, mostrando retração de 38,6% em relação aos US$ 54,951 bilhões esperados para 2018.
O presidente da AEB, José Augusto de Castro, disse que o principal motivo para a queda das exportações será causado pelas commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado exterior), que já sinalizam que as cotações serão menores do que foram neste ano. Outro fator de destaque para o resultado das exportações em 2019 será a soja. Em 2018, o Brasil teve um volume de exportação desse grão de 82 milhões de toneladas. “É recorde absoluto porque, no ano anterior, nós exportamos 68 milhões de toneladas”, disse Castro.
Castro lembrou que a Argentina teve, em 2018, uma queda na safra de soja de 17 milhões de toneladas e o Brasil teve que suprir a carência argentina. Deverá afetar também as exportações brasileiras a guerra comercial no mercado mundial. Isto porque a China deixou de comprar soja dos Estados Unidos e passou a comprar do Brasil, adquirindo inclusive o que havia em estoque. “Raspou o tacho”, disse o presidente da AEB.
Segundo José Augusto de Castro, mesmo que o Brasil tenha, em 2019, uma superprodução de soja, a Argentina voltará a produzir, bem como os Estados Unidos, e a tendência é de o preço cair no mercado internacional. Analisou que a crise na Argentina vai fazer com que o Brasil tenha uma forte redução das exportações para aquele mercado, o que ajuda a diminuir ainda mais o ‘superávit’ brasileiro.
“O superávit é consequência. Há uma previsão de crescimento do Produto Interno Bruto [PIB – soma de todos os produtos e serviços produzidos no país] no Brasil em torno de 2,5%, o que vai demandar importações. Então, nós vamos ter queda nas exportações por causa das commodities e aumento das importações, por conta do crescimento do PIB interno. Isso provoca redução no superávit comercial”, apontou.
O Brasil continuará um forte exportador de commodities, deixando a desejar ainda como exportador de produtos manufaturados, de maior valor agregado. Em torno de 43% dos manufaturados brasileiros são exportados para a América do Sul. Mas a maioria dos países sul-americanos é exportador também de commodities. “Com a queda das commodities, eles vão reduzir as importações do Brasil”.
Outro aspecto que pode contribuir para a redução das exportações brasileiras no ano que vem é a possibilidade de haver uma redução unilateral das tarifas de importação pelo atual governo. “Isso na prática significa que o Brasil está saindo do Mercosul, e abre espaço para a China e outros países ocuparem esse nicho”.
Castro informou que não houve ainda decisão final da Secretaria-Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) sobre o tema, mas existe uma tendência de aprovação. A AEB é contrária à adoção de uma tarifa específica pelo Brasil, porque considera que o país estaria indo contra os princípios do Mercosul. “É como se ele estivesse saindo [do bloco]”. Oficialmente, porém, não há ainda nada decidido sobre essa questão, destacou.
Castro indicou que a taxa de câmbio, com o dólar oscilando entre R$ 3,50 e R$ 3,90 ajuda a exportação, mas não há garantia de que a taxa vai permanecer nesse patamar, advertiu. A tendência é de que o novo governo adote medidas de interesse da economia para o câmbio ficar menos flutuante, com tendência à estabilização em um patamar baixo. “O câmbio, por si só, não gera competitividade. O que nós temos [de entrave] é o chamado custo Brasil, que representa 30% das exportações”.
Para o petróleo, a previsão da AEB é de que haverá aumento das exportações em termos de quantidade, mas o preço vai cair. “Porque este ano havia um pensamento quase unânime de que o preço do petróleo não passaria de US$ 55 o barril e ele alcançou US$ 82”.
Para 2019, a previsão da AEB é de que o preço do barril fique em torno de US$ 62, como está agora, porque os Estados Unidos assumiram o posto de maior produtor de petróleo e ele não tem interesse de que o preço suba e deva forçar a cotação para baixo. Por isso, a projeção é de que os preços caiam em relação a 2018.
Informações da Agência Brasil
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