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Fintechs ainda desconhecidas

 

Em expansão no Brasil, as fintechs podem ajudar a reduzir as tarifas dos serviços financeiros, além de oferecer novas opções a pessoas e empresas. Apesar das possíveis facilidades, para uma parte significativa da população o tema ainda é desconhecido. Um levantamento divulgado nessa semana pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) revelou que 54,8% dos empresários ligados à entidade não tinham ouvido falar dessa modalidade de serviços financeiros.

Coordenador de um curso sobre o assunto na Fundação Getulio Vargas (FGV), o professor Marcelo Bradaschia explica que o termo pode se referir tanto a novas empresas como a inciativas dentro de empreendimentos consolidados. “São empresas ou iniciativas que trazem, muito baseadas em tecnologia, novos modelos de negócio financeiros”, ressalta.

“Na sua maioria, elas nascem muito voltadas para resolverem um problema específico. A partir daí, elas tentam fazer isso de uma forma excelente usando tecnologia”, acrescenta sobre como funcionam as fintechs.

De modo geral, essas iniciativas têm a capacidade, segundo o especialista, de crescer sem necessariamente aumentar a estrutura física na mesma proporção, tendo como base a otimização com base nas tecnologias digitais. “Como você está falando em tecnologia, muitas vezes você está falando em processos mais baratos. Você acaba trazendo um custo operacional menor do que os modelos tradicionais”, explica.

Perfis de atuação

As fintechs oferecem diversas possibilidades, como operadoras de cartões de crédito completamente digitais, empresas que gerenciam investimentos ou que fazem cotações de empréstimos no mercado. São novas opções que extrapolam as alternativas oferecidas pelos bancos ou que competem com mais foco e reduzindo custos em produtos consolidados.

Segundo pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintech), 25% das iniciativas atuam em atividades ligadas a meios de pagamento, 21% em relação a crédito e negociação de dívidas e 8% a gestão financeira. Mais da metade (58%) desses negócios, está no estado de São Paulo.

Em geral, as iniciativas são extremamente jovens, 46% nasceram após 2016 e 51% estão no início das operações. Cerca de um terço (35%) tem faturamento de até R$ 350 mil, 21% entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões e 12% acima dessa faixa. A ABFintech tem 360 associados. Para a elaboração do estudo, foram ouvidas 224 inciativas.

Regulação

De forma a garantir o crescimento do setor com segurança, o Banco Central tem apresentado novas regulamentações sobre o tema. Em abril, foi editada uma norma que estabeleceu os termos para a atuação das fintechs no mercado de crédito, trazendo os critérios, inclusive, para o financiamento entre pessoas físicas por plataforma eletrônica.

“A gente tem visto um movimento muito positivo do regulador no sentido de entender a inovação e viabilizar, de uma forma segura e estruturada, o aumento da competitividade por meio da regulação”, destacou Bradaschia. O especialista ponderou, entretanto, que ainda existem zonas sem a mesma atenção das fintechs, como o mercado de seguros. De acordo com a pesquisa da ABFintech, 6% das inciativas atuam nesse ramo.

Expectativa do setor produtivo

No setor empresarial, há boas expectativas sobre a inovação, especialmente no mercado financeiro. “Esse movimento está vindo muito forte e, com certeza, ele vai forçar o mercado a se ajustar e melhorar a competitividade de bancos de fazer negócios, crédito e tarifas. É uma nova era para o sistema financeiro”, afirma o diretor-titular do Departamento de Micro, Pequena e Média Indústria da Fiesp, Sylvio Gomide.

O levantamento da federação mostrou que 56,1% dos industriais avaliam o atendimento relativo a crédito do mercado tradicional como insuficiente, enquanto 37,4% estão insatisfeitos com a gestão financeira oferecida pelas gestões tradicionais.

De acordo com a pesquisa, 28,5% das indústrias paulistas já buscaram crédito fora do setor bancário tradicional. No entanto, apenas 1,8% procurou fintechs. Entre os 67,2% que nunca tentaram obter outras formas de crédito além dos bancos, a principal razão, apontada por 42,4%, foi a falta de conhecimento de alternativas.

No entanto, entre os que se aventuraram no crédito de outras fontes, como fundo de investimento em direitos creditórios e fintechs, nem sempre a experiência foi tão recompensadora. Ao todo, 27,1% das indústrias acharam as tarifas maiores do que o esperado. Por outro lado, 34,6% não viram desvantagem na nova modalidade.

“O desespero do empreendedor no Brasil é tão grande em relação a taxas de juros, burocracia e acesso a crédito que, quando aparece uma novidade, a gente acha que o que está vindo é o ideal”, justificou Gomide sobre as quebras de expectativa. Mesmo assim, ele continua otimista com as inovações que chegam ao ramo financeiro. “Quanto mais fintechs aparecerem, mais elas competiram entre elas, e os custos cairão. Ainda não é o cenário ideal, mas é melhor do que antes da existência delas”, diz.

Informações da Agência Brasil

 

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Redação

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