O tabelamento do frete deve causar impacto de R$ 3,3 bilhões sobre a indústria paulista entre os meses de junho e dezembro deste ano, estimou hoje (11) a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O aumento equivale, segundo a pesquisa Rumos da Indústria Paulista, a um gasto adicional com frete de R$ 469,6 milhões por mês. Para a pesquisa, foram consultadas 400 empresas do estado.
O tabelamento do frete, uma das reivindicações dos caminhoneiros durante a paralisação nacional e que define valores mínimos para o frete rodoviário no país, foi aprovado hoje na Câmara dos Deputados. Pela proposta que está em votação, caberá à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicar duas vezes ao ano os preços mínimos do frete referentes ao quilômetro rodado, por eixo carregado, considerando distâncias e especificidades das cargas e priorizando o custo do óleo diesel e dos pedágios.
Segundo a Fiesp, 55,3% das empresas consultadas pretendem repassar, integralmente ou parcialmente, o aumento do frete para o preço do produto. “Depois de três anos pressionadas pelo fraco desempenho da economia, as indústrias paulistas estão com pouca margem para absorver este aumento do preço do frete sem repassar para os preços dos seus produtos”, disse José Ricardo Roriz Coelho, presidente em exercício da Fiesp.
O dirigente disse ainda que, se houver o repasse, isso vai ocorrer em um momento de recuperação ainda lenta da economia, “o que deve levar a uma queda das vendas, conforme projetado pelas próprias empresas que participaram da pesquisa”.
A Medida Provisória 832, de 2018, que institui a Política de Preços Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas, é considerada “um grande retrocesso” por Roriz. “Fixar preços mínimos viola o princípio da livre iniciativa e é ineficaz”, disse ele.
Dentre as empresas ouvidas pela pesquisa, 24,5% delas projetam redução das vendas de seus produtos, que podem cair 1,7%. Para que a queda não seja maior, 14,2% das empresas deram descontos no valor de seus produtos quando o frete é pago pelo cliente.
Ainda segundo a pesquisa, a maior parte da indústria paulista deve sofrer impacto do tabelamento do preço mínimo do frete, já que 59,5% das empresas consultadas na pesquisa não têm frota própria para coleta ou entrega dos produtos.
Informações da Agência Brasil
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