Contas externas têm resultado positivo de US$ 435 milhões em junho

26 de julho de 2018 Por Redação

 

As contas externas brasileiras apresentaram resultado positivo pelo quarto mês consecutivo. Em junho, houve superávit em transações correntes, que são compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com outras nações.

O resultado ficou positivo em US$ 435 milhões, mas foi bem menor que o de junho de 2017: superávit de US$ 1,328 bilhão. Os dados foram divulgados hoje (26), em Brasília, pelo Banco Central (BC).

No primeiro semestre, foi registrado déficit primário de US$ 3,586 bilhões, contra o superávit de US$ 584 milhões em igual período de 2017.

Entre os componentes das transações correntes está a balança comercial (exportações e importações de mercadorias), que apresentou superávit de US$ 5,512 bilhões no mês passado e US$ 27,485 bilhões, no primeiro semestre.

Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o resultado das contas externas foi impactado pelo crescimento das importações em ritmo maior que das exportações. Isso aconteceu porque, com o crescimento da economia no primeiro semestre, aumentou a demanda por produtos importados. No primeiro semestre, as importações cresceram 18,4%, enquanto as exportações apresentaram expansão de 5,5%. “O maior dinamismo das importações fez com que houvesse uma redução no superávit comercial”, disse Rocha.

Especificamente em junho, Rocha disse que os dados foram afetados pela greve dos caminhoneiros. Com a paralisação, as exportações diminuíram. Nas duas primeiras semanas de junho, a média diária de exportações ficou em US$ 800 milhões. A partir de 11 de junho, houve recuperação, com a média diária em US$ 1,027 bilhão.

A conta renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) ficou negativa em US$ 2,136 bilhões de déficit no mês, e US$ 15,568 bilhões de janeiro a junho.

A conta de renda secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 178 milhões no mês e US$ 1,239 bilhão no primeiro semestre.

A conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) anotou saldo negativo de US$ 3,119 bilhões em junho, e de US$ 16,742 bilhões nos seis meses do ano.

Viagens internacionais

Os gastos de brasileiros em viagem ao exterior chegaram a US$ 1,487 bilhão em junho, total menor do que de junho de 2017: US$ 1,510 bilhão.

No resultado acumulado, mesmo com dólar mais caro, os gastos ainda são maiores neste ano do que em 2017. De janeiro a junho deste ano, os gastos de brasileiros no exterior ficaram em US$ 9,573 bilhões, contra US$ 8,805 bilhões do mesmo período no ano passado. Apesar desse crescimento, Rocha avaliou que o ritmo de expansão está menor. “Há uma correlação muito forte e rápida em função da taxa de câmbio” disse.

Já as receitas de estrangeiros no Brasil chegaram a US$ 379 milhões em junho, e em US$ 3,240 bilhões nos seis meses de 2018.

Em junho, a conta de viagens internacionais, formada pelos gastos de brasileiros e as receitas de estrangeiros, ficou negativa em US$ 1,109 bilhão e acumulou US$ 6,333 bilhões nos seis meses do ano.

Investimentos estrangeiros

Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o investimento direto no país (IDP), porque recursos são aplicados no setor produtivo.

Em junho, esses investimentos chegaram a US$ 6,533 bilhões e nos seis meses do ano ficaram em US$ 29,878 bilhões. Esse resultado do primeiro semestre é mais que suficiente para cobrir o déficit em transações correntes no período.

Apesar disso, houve redução desses investimentos em relação ao ano passado, que, no primeiro semestre de 2017, chegaram a US$ 36,221 bilhões. “Os investimentos diretos, não obstante tenham se reduzido, continuam num montante acumulado bastante robusto e mais que suficiente para financiar integralmente o déficit em transações correntes”, disse Rocha.

Ele afirmou ainda que este ano houve redução de investimento direto com valores acima de US$ 1 bilhão. Neste ano, a primeira operação nessa faixa de valor ocorreu em junho, no total de US$ 1,038, enquanto que no primeiro semestre de 2017 esses investimentos já totalizam US$ 7,986 bilhões.

“Em geral, as operações de valor menor são para expansão de investimento em empresas já estabelecidas no país. As operações maiores tendem a se referir a aquisições ou resultados de leilões de concessão de petróleo e outros”, disse.

Informações da Agência Brasil