O presidente Michel Temer recebeu no final da tarde de hoje (20) representantes das indústrias brasileiras do setor de aço. O objetivo foi pedir para que Temer converse com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e peça a exclusão do Brasil dos países atingidos pela nova tarifa para importação de aço e alumínio. A tarifa entra em vigor na próxima sexta-feira (23).
Temer conversou com Alexandre Lyra, presidente do Instituto do Aço, representante das empresas brasileiras produtoras de aço. Após o encontro, Lyra disse que Temer vai atender ao pedido e conversar com Trump, embora não tenha precisado quando faria isso. “O presidente se comprometeu a entrar em contato com o presidente Trump com toda essa argumentação. Essa argumentação foi consolidada pela embaixada brasileira em Washington. O presidente já tem o conteúdo para essa conversa”, disse Lyra.
Segundo o representante do instituto, a argumentação dada por ele ao presidente deve ser usada para convencer os Estados Unidos a incluir o Brasil na lista de países isentos da nova tarifa. Canadá e México já fazem parte dessa lista. De acordo com Lyra, o Brasil não compete com a indústria siderúrgica norte-americana, uma vez que o aço que sai daqui é reprocessado lá.
“Apesar de o Brasil ser o segundo maior exportador de aço para os EUA, 80% do que a gente exporta é reprocessado nos Estados Unidos. Não roubamos emprego do metalúrgico americano, fazemos parte da cadeia de fornecimento do aço”, disse Lyra. Ele explicou ainda que o Brasil importa carvão mineral dos Estados Unidos, uma matéria-prima para fabricação do aço. “O maior mercado de carvão mineral dos EUA é o Brasil. Existe essa complementariedade. Exportamos US$ 2,4 bilhões de aço e importamos US$ 1 bilhão de carvão mineral”, acrescentou.
Lyra também alertou o presidente sobre o risco que a indústria brasileira sofre com a medida norte-americana. Independentemente do pleito brasileiro ser atendido ou não, outros países incluídos na tarifa anunciada por Trump vão ofertar aço para o Brasil, desequilibrando a economia nacional.
“Brasil é um alvo fácil, porque é uma grande economia que está em processo de recuperação. Se o mecanismo de defesa comercial daqui não for efetivo, o aço que não for vendido para os EUA virá para cá. Aí essa retomada que estamos tendo na siderurgia será impactada”.
Caso um telefonema de Temer não seja o suficiente para convencer Trump, o Brasil poderá entrar com uma representação na Organização Mundial de Comércio (OMC), como o próprio presidente adiantou na semana passada.
“Se não houver uma solução, digamos assim amigável, muito rápida, vamos formular uma representação à Organização Mundial do Comércio, mas não unilateralmente, não apenas o Brasil, mas com todos os países que tiveram prejuízo em função dessa medida tomada. Naturalmente, essa conjugação coletiva dos países dará mais força a essa representação”, afirmou, depois de discursar na abertura do Fórum Econômico Mundial para a América Latina.
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