Ricardo Stuckert/Instituto Lula
O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou a íntegra da delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, da holding J&F, que controla entre outras empresas, o grupo JBS (JBSS3).
Os depoimentos preencheram cerca de 2 mil páginas, e as oitivas foram gravadas em vídeo.
Em um dos trechos mais contundentes do Anexo 1 da delação, Joesley revelou os detalhes do esquema que tornou a JBS uma gigante mundial do setor de alimentos.
O empresário disse que no começo do esquema pagava R$ 50 mil a Victor Sandri, íntimo do então ministro de Lula, Guido Mantega.
O objetivo era obter vantagens no BNDES. Pagando propina Joesley conseguiu ser recebido por Mantega e aprovar, em 2005, o primeiro plano de expansão do frigorífico com a liberação de US$ 80 milhões. Victor solicitou para si e para Guido Mantega, o pagamento de 4% do valor do financiamento, segundo o delator.
Nos anos seguintes Mantega teria autorizado, segundo o empresário, mais duas operações que permitiram a JBS a comprar outras empresas no exterior.
Em 2007, o BNDES adquiriu 12,94% do capital social da JBS por US$ 580 milhões; e, em 2008, outra aquisição de 12,99% por US$ 500 milhões.
A partir de 2009 Joesley preferiu tratar diretamente com Guido Mantega. Em contrapartida a uma nova operação de compra pelo BNDES de debêntures do JBS no valor de US$ 2 bilhões, Joesley afirmou que escriturou propina de US$ 50 milhões e depositou o dinheiro em uma conta em nome de uma offshore, empresa com sede fora do Brasil, geralmente em paraíso fiscal.
Segundo o delator, em 2010, Guido Mantega pediu ao empresário que abrisse uma nova conta, desta vez para Dilma. Joesley perguntou se a conta existente não seria suficiente para os depósitos dos valores. Guido Mantega respondeu então que essa “era de Lula”.
No depoimento, Joesley afirma que perguntou se Lula e Dilma sabiam do esquema. Guido Mantega teria confirmado que “sim”.
Joesley afirmou ainda que os saldos das contas vinculadas a Dilma e Lula “eram formados pelos ajustes sucessivos de propina do esquema BNDES e do esquema-gêmeo, que funcionava no âmbito dos fundos Petros e Funcef”.
O valor dos saldos era de 150 milhões de dólares em 2014.
Compra de deputados para evitar impeachment de Dilma
Joesley Batista disse que foi procurado pelo deputado João Bacelar, a pedido de Guido Mantega, para tentar evitar o impeachment de Dilma. Joesley acabou concordando em comprar 5 deputados federais ao custo de R$ 3 milhões cada.
Mensalinho a Fernando Pimentel
Na delação de Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da Holding J&F, o executivo revela que pagava R$ 300 mil reais ao governador mineiro Fernando Pimentel (PT) por meio do escritório Andrade, Antunes e Henrique Advogados. O pagamento era mensal.