A elevação da taxa básica de juros norte-americana é uma das principais preocupações no cenário econômico mundial para 2017. O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu no fim de 2016 aumentar a taxa e informou que prevê mais três aumentos da taxa em 2017. A subida torna mais atrativas as aplicações no mercado norte-americano em relação a outros países, principalmente entre os emergentes, incluindo o Brasil.
A elevação anunciada em meados de dezembro mudou os juros da faixa de 0,25% a 0,5% para 0,5% a 0,75%. A mudança ocorreu depois que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) sinalizou que a economia local registrava inflação e nível de desemprego baixos.
“Se aumenta lá, sempre há um desequilíbrio no que diz respeito à distribuição de recursos internacionais. No caso do Brasil, há um volume de recursos aqui por causa da atratividade do preço do dinheiro [taxas elevadas de juros]. Mas se a taxa americana sobe, isso criará atratividade lá, já que as poupanças internacionais passam a ser alocadas para os Estados Unidos”, explica o economista Paulo Dantas da Costa, ex-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon).
Com taxas melhores no mercado dos EUA, segundo o especialista, os investidores internacionais mudam suas posições, principalmente quando se trata dos títulos do Tesouro americano, de baixíssimo risco. “Agora, além da segurança, tem-se a rentabilidade”, afirma Costa.
Além da variação da taxa básica de juros, a mudança de comando nos Estados Unidos, com a chegada de Donald Trump à presidência, também deve ter reflexos diretos na economia mundial no próximo ano. “Tenho visto com certa apreensão a variável Trump”, avalia Costa, principalmente por causa de declarações do presidente eleito em defesa de empresas norte-americanas.
Europa e China
Para a Europa, a expectativa para o próximo ano, segundo o economista, é que a região mantenha o desempenho econômico fraco registrado em 2016. No relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado em novembro, o crescimento estimado para o continente em 2017 é de 3,3%, apenas 0,1 ponto percentual acima da avaliação anterior da organização. “Acho que a Europa não acompanha o resto do mundo no desempenho econômico. Especialmente quando se compara com a economia chinesa e americana”, compara Costa.
No caso da China, os indicadores mostram que o crescimento econômico do país deve desacelerar em 2017, com uma política monetária mais restritiva. A projeção de crescimento é de 6,5% ante os 6,7% que devem ser registrados em 2016.
“Chega em um ponto que vai à exaustão porque não existem fatores econômicos que deem sustentação a crescimentos de 6%, 7% ao ano. Mas no caso chinês a gente faz uma ressalva porque é um país que tem um mercado interno de mais de 1,4 bilhão de pessoas. É completamente diferente quando se compara ao mercado brasileiro, com aproximadamente 200 milhões de pessoas”, disse Costa.
Informações da Agência Brasil
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