Calero faz acusações a Geddel, e assessores de Temer pressionam por demissão

O ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira. O motivo alegado foi razões ‘pessoais’.

A Presidência da República anunciou que o deputado Roberto Freire (PPS-SP) será o novo ministro da Cultura. Roberto João Pereira Freire foi senador entre 1995 e 2002, quando voltou a assumir novamente uma cadeira na Câmara. Ele foi deputado por vários mandatos consecutivos, cinco ao todo, e já passou pelo PMDB e PCB antes de se filiar ao PPS, em 1992.

 

Calero acusa

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo Marcelo Calero acusou o ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, de tê-lo pressionado a produzir um parecer técnico para favorecer seus interesses pessoais.

Na entrevista feita por Natuza Nery, Calero afirma que Geddel o procurou pelo menos cinco vezes para que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão subordinado à Cultura, aprovasse o projeto imobiliário La Vue Ladeira da Barra, nos arredores de uma área tombada em Salvador. Essa região da capital mineira é uma base política de Geddel.

Segundo Calero, Geddel disse em pelo menos duas dessas conversas possuir um apartamento no empreendimento que dependia de autorização federal para sair do papel.

Na entrevista o ex-ministro ressaltou: “entendi que tinha contrariado de maneira muito contundente um interesse máximo de um dos homens fortes do governo”.

 

Geddel se defende

No sábado, Geddel disse que tratou do tema com o ex-ministro, mas fez uma ressalva: “tem mais uma série de inverdades, aspas que nunca foram ditas por mim. É uma memória fantástica dele para citar tantas falas minhas. É uma coisa absolutamente surpreendente e lamentável, não entendo de onde veio essa história de pressão. Conversei com ele sobre um tema com clareza, nitidez. Eu não disse que ia pedir a cabeça de ninguém”.

O jornal Valor Econômico destaca em reportagem que os assessores tentam convencer o presidente Michel Temer a demitir Geddel.

Nesta segunda-feira a Comissão de Ética Pública da Presidência da República adiou a decisão sobre a abertura de processo para apurar se Geddel violou o código de conduta federal ou a Lei de Conflito de Interesses.

Cinco conselheiros votaram pela instauração do processo, mas um pedido de vista do conselheiro José Saraiva levou ao adiamento da decisão, que deve ser avaliada na próxima reunião do colegiado, marcada para 14 de dezembro. Saraiva manifestou a necessidade de estudar melhor as informações, divulgadas pela imprensa no fim de semana. O conselheiro Marcelo Figueiredo adiou seu voto até a manifestação de Saraiva. Os cinco conselheiros que já se pronunciaram a favor da abertura do processo podem rever seus votos.

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Redação

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