Pimco elogia Brasil mas adverte sobre riscos
Em um artigo intitulado ‘The comeback kid’, em tradução livre ‘o garoto está de volta’, os analistas de mercados emergentes da Pimco, Yacov Arnopolin e Lupin Rahman, mostram o que consideram a reviravolta ‘impressionante’ na condução da política econômica e fiscal do Brasil desde que Michel Temer assumiu a presidência.
Depois de escreverem “um presidente comprometido com a implementação de reformas, um governo de tecnocratas competentes, um conjunto de novos CEOs para supervisionar empresas estatais ineficientes”, perguntam: “quem iria acreditar em nós se disséssemos que isso é no Brasil?
Os dois analistas afirmam que em recente viagem ao Brasil perceberam que o impeachment de Dilma Rousseff abriu o caminho para um governo com uma “equipe que pode fazer as coisas”. E isso coincide com o Brasil começando a sair da pior recessão de sua história e com a inflação dando sinais de ceder.
Esse sentimento de mudança foi o gatilho para um forte rali nos ativos brasileiros, como a impressionante alta da Bolsa de Valores, que desde o começo deste ano já se valorizou 47%.
Mas eles se perguntam: será que as propostas do governo serão suficientes para trazer as mudanças necessárias?
Em seguida mostram que o Brasil tem enormes desafios à frente. Os analistas chamam a atenção para os riscos aos planos do presidente Temer:
– aumento da dívida pública que deve atingir 90% do PIB até ao final desta década;
– reformas incapazes de alterar em curto prazo a situação fiscal e da dívida;
– queda da inflação pode ser menor que a esperada, já que anos de inflação podem ter estimulado a indexação. Por outro lado os ‘gargalos’ poderiam limitar as pressões desinflacionárias;
– a opinião pública pode se tornar mais sensível ao aumento do desemprego e às reformas;
– a Lava Jato pode ser um fator de instabilidade no governo.
Em síntese ressaltam que o risco é que a popularidade de Temer desapareça e inviabilize as mudanças necessárias.
Se tudo der certo, e as reformas forem bem sucedidas, os analistas acreditam elas que poderiam desencadear um círculo virtuoso de reformas mais profundas após as eleições de 2018.