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Prisões, delações e Lava Jato podem ser inviabilizadas, diz Dallagnol

Procurador do Ministério Público Federal e coordenador da força tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol (Fernando Frazão/Agência Brasil)

 

O procurador Deltan Dallagnol, que integra a Força-Tarefa da Operação Lava Jato, afirmou hoje (19) em Curitiba, ao lado de seus colegas procuradores, que a decisão [1] do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Marco Aurélio de Mello, de mandar libertar todos os presos que não estejam definitivamente julgados ou em prisão cautelar “coloca em risco a própria existência da Lava Jato”. Segundo ele, a consequência não se restringe à soltura de 35 presos da Lava Jato condenados em segunda instância.

“Afeta não só reus da Lava Jato, mas as delações premiadas e a própria existência da Lava Jato. Colarinho branco sem prisão em segunda instância é garantia de impunidade”, afirmou. Seguindo ele, nesta situação, não haverá mais incentivos para que os investigados optem pela colaboração premiada.

Dallagnol avaliou ainda que a decisão de Marco Aurélio afeta até as prisões preventivas, já que elas não podem durar muito e não teriam como ser substituídas por prisões em segunda instância.

O procurador defendeu que o Supremo reverta o entendimento de Marco Aurélio em nome da estabilidade e da segurança jurídica. “A decisão isolada do ministro subverte o princípio da precedência e da colegialidade”, afirmou.

Os procuradores afirmaram que, nos últimos dois anos, o STF já decidiu quatro vezes, em plenário, ao examinar recursos específicos, que a prisão em segunda instância é válida.

“Não é razoável que, no último dia de trabalho, na véspera do recesso forense, se tome, sem fato novo, uma decisão como essa. Num momento em que o plenário [do STF] não pode mais se manifestar, quem vai decidir sobre todos que podem ser soltos?, questionou o procurador Roberson Pozzobon. O procurador estimou em cerca de 200 mil o número de possíveis apenados que podem ser beneficiados pela liminar do ministro do Supremo.

Os integrantes da Lava Jato defendem que a liminar seja suspensa e que se mantenha ao calendário, já divulgado pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, de examinar a prisão em segunda instância em abril próximo.

“Precisamos de uma Justiça que funcione. Com estabilidade e previsibilidade para o o mercado e para as investigações. Temos confiança de que o STF vai reverter essa decisão equivocada. O tribunal já emitiu várias decisões que permitiram as investigações da Lava Jato”, lembrou Deltan Dallagnol.

Defesa pede liberdade de Lula após decisão do Supremo

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou há pouco com um pedido de liberdade na Justiça Federal em Curitiba. O pedido foi feito depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio suspender as prisões [1]após o fim dos recursos na segunda instância e determinar a soltura dos presos que estão nessa situação.  A questão será analisada pela juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal em Curitiba.

Os advogados solicitam a expedição imediata de um álvara de soltura e a dispensa do exame de corpo de delito.

Lula está preso desde 7 de abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, após ter sua condenação no caso confirmada pelo Tribunal Regional Federal 4ª Região (TRF4), que impôs pena de 12 anos e um mês de prisão ao ex-presidente, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação penal do caso do triplex do Guarujá (SP).

Informações da Agência Brasil